Parque do Monjolo, um ponto de encontro em Foz do Iguaçu — Living Like a Local

Parque circunda um lago formado pelas nascentes do rio Monjolo. É bom também para a observação de pássaros.

Monjolo é o nome de um bairro em Foz do Iguaçu. É também o nome de um rio, de um colégio, de um parque e de um lago. O lago foi formado em 1997 como uma das medidas para ajudar a preservar as nascentes do Monjolo. Pouco a pouco, o parque passou a entrar no roteiro dos iguaçuenses como um dos lugares onde se pode passar uma tarde, fazer um piquenique, deixar as crianças correrem, tomar um chimarrão ou tereré, observar pássaros e pescar. Pescar?

Locais pescando no lago urbano
Locais pescando no lago urbano.

Sim, pescar. Famílias inteiras se dirigem ao Monjolo para pescar. No domingo, chega a parecer um desfile. Se conseguem pescar ou não, parece não ser importante. Mas sempre há alguém empenhado em tirar um peixinho do anzol. Em cidade de muitas etnias, até famílias muçulmanas arriscam lançar o anzol na água — no estilo iguaçuense, com um caniço de bambu. Recentemente quem pescou, só com o bico, na frente de todo o mundo foi um martim-pescador. Pescou, sentou-se no galho de uma embaúba e engoliu o peixinho.

Além do parque e do lago, o bairro é também a sede da Mesquita Omar Ibn al-Khattab, docerias, restaurantes, escolas — uma delas também árabe. Pelo menos dois dos restaurantes árabes da cidade estão no bairro próximo ao lago. Um é o Castelo Libanês, bem requisitado e o outro não podia ter outro nome: Restaurante Monjolo. Este é mais simples e mais caseiro. Um restaurante árabe caseiro, um dos segredos da Terra das Cataratas.

E o lago? Além dos pescadores, o lago hospeda um jacaré. Uma placa avisa para ter cuidado, não entrar na água e não colocar o pé no lago entre outros alertas. O jacaré aparece de vez em quando para provar que existe. Mas fora do jacaré, o lago com sua vegetação nativa, é chamado de casa por uma boa quantidade de pássaros. Falta uma contagem oficial mas dá para chutar que há pelo menos 40 espécies de pássaros no parque e arredores.


Família pescando no final de semana.

Sem dificuldades, dá para ver frangos d’água comum, frangos d’água azul, carão, socozinho, pica-pau, joão de barro, martim pescador e até o arisco curitiê. O casal de frango d’água comum tem quatro filhotes e já estão nadando. O arisco curitiê também teve filhotes. As maritacas que moram na palmeira de bocaiúva também tiveram filhotes. Dos terrenos baldios ao redor, a maioria com nascentes, saem teiús e preás. Tudo à vista de crianças em bicicletinhas com suas babás, pessoas que fazem exercícios na academia ao ar livre e há até quem jogue um lençol de baixo de uma árvore e durma.

O Monjolo é uma palavra especial em Foz. A cidade começou ao lado de um monjolo. O povo de hoje não sabe o que é um monjolo. O dicionário diz que o monjolo é “uma máquina hidráulica rústica, destinada ao beneficiamento e moagem de grãos”. Havia um monjolo, propriedade da Colônia Militar do Iguaçu, em algum lugar das terras do atual 34º Batalhão de Infantaria Mecanizado.


Pato próximo ao lago do Monjolo

O escritor e arqueólogo argentino, Juan Bautista Ambrossetti, que visitou a Colônia Militar do Iguassu nos anos 1800 escreveu: “Este monjolo está de baixo de uma casa de paredes de taquaruçu, rodeado de uma bonita horta onde se cultivam toda classe de legumes com excelente resultado”.

Adiante ele fala sobre os mananciais ao redor da Colônia Militar do Iguassú, na área do atual bairro do Monjolo: “Mananciais como esse abundam em todas as Misiones e são os que provêm, na sua grande parte, de água os numerosos arroios que desaguam nos grandes rios”.

Ambrossetti lembrava que os mananciais, as nascente são importantes para levar águas aos grandes rios. Daí a importância de cuidar do Lago do Monjolo e das nascentes nessa área da cidade. A moda para quem quer passar uma tarde no monjolo é: levar uma cadeira de praia, lanche e bebida (com gelo), um caniço comum basta (mas tem gente com vara com molinete e tudo), para brincar de pescar.

Quem quiser ficar de olho nos passarinhos além de uma cadeirinha, (Não precisa ficar andando atrás do pássaro), a moda dita ter um par de binóculos, um guia de aves, caneta e papel para anotar espécies avistadas e dúvidas. Escolha uma árvore, sente debaixo dela e ponha o binóculo para trabalhar.

Recentemente apareceu uma família que viaja pelo Brasil, a bordo de uma Kombi. Descobriram o parque Monjolo e estacionaram ao lado de uma palmeira pindó, perto do meio fio. No bagageiro havia volumes de cargas, entre elas duas pranchas de surfe. Os viajantes tiraram uma mesa portátil do veículo, algumas cadeiras e se sentaram. Como os moradores de Foz do Iguaçu, os locais, eles descobriram os prazeres simples do Monjolo, o parque, o lago, a sombra e a tranquilidade dos pescadores e dos “piquiniqueiros” da fronteira.

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